Wednesday, May 26, 2004

Capítulo I (continuação - 4)

«Meu Deus, meu Deus… faz com que a criança sobreviva.»

Estas preces pareceram surtir efeito. Os gritos diminuiram.A cozinheira passou apressada com os panos brancos lavados e entrou, a correr, no quarto. Passado um momento saía de novo. Vinha a sorrir. Sorriso de quem cumpriu a sua missão. Alexandre e Joaquim aproximaram-se. O Barão falou-lhe então.
- Fala mulher! Que motivos há para essa tua alegria?
- É um menino senhor Barão. – disse a cozinheira mexendo os panos alegremente.
Alexandre não se conseguiu controlar e pediu para o filho ver. Ali, com o filho nos braços tudo lhe parecia diferente. Era o seu filho que segurava. A sua descendencia, o seu orgulho. Aquele ser que o manteria vivo, perpetuado por toda a eternidade, muito para além da morte.
Era loiro, tinha a pele clara...como um verdadeiro princípe. Pensou Joaquim.
- E está de saúde?
- Parece-nos que nasceu são. – É pesado o menino.
Ao ouvir estas novas o Barão não conseguiu conter uma lágrima furtiva.
Mas rapidamente a limpou. Deu ordens aos criados para que cuidassem da criança como um príncipe. Depois mandou Joaquim segui-lo até ao andar de cima. Viarando-se ele no salão onde se reunia em festas da alta roda da cidade, pediu a Joaquim que lhe arranjasse um conhaque.
Depois do criado lhe trazer a bebida o Barão convidou-o a sentar-se num sofá próximo dele.
- Joaquim. Meu criado. Meu amigo. Não te esqueças do que há pouco te pedi. Cumpre isso com cuidado, não vá ninguém saber do segredo.
Passa esta mensagem aos criados e diz-lhes para se calarem para o resto da vida. Quanto à criança, meu filho, quero que sejas o seu aio. O homem que o proteja e a ele esteja atento. Não te esqueças Joaquim.
Ele não é uma criança qualquer…Ele é Miguel Meireles de Almeida e Albuquerque. Meu filho varão e de tua senhora também.
Descendente de nobres linhagens europeias. Entendeste Joaquim?
O criado durante uns momentos não respondeu. Adaptara-se intimamente a esta realidade. Olhando fixamente o Barão, acabava por responder convictamente: Percebi.
Levantou-se, beijou a mão do amo e saiu da sala tendo como destino a cave.

Miguel Albuquerque

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