Thursday, May 20, 2004

I Capítulo (continuação - 2)

- Chegou o dia…
– esta frase pareceu a Alexandre uma fatalidade.
- Leste o bilhete que à entrada se encontrava? Não me digas que sabes o que está a acontecer?
- Mais do que julgas. Não li bilhete nenhum. Mas sei que o teu filho está a nascer. Tudo providenciei para que nasça como um príncipe. Dei ordens a todos os criados para ao parto ajudarem.
- Filho meu… que teu também será.
- Não! – neste momento as lágrimas voltaram a correr na face de Maria Lúcia – Não saiu de mim – disse a soluçar. Aceito-o pois o meu amor por ti é mais forte que a vontade de revolta. Amo-te e por ti as montanhas moveria. Até os momentos em que te encontravas com essa megera aguentei.
- Quando aquela ideia tive, pensei que a tinhas sem reservas aceite.
- Apenas pelo puro amor. Se estéril nasci, como o provam os quatro anos que se passaram desde o casamento sem um filho ao mundo oferecer. Talvez castigo de Deus seja. Talvez o melhor fora esta ideia não se ter concretizado. Não sei se filho dessa mulher posso eu aceitar como meu. Não sei se estou pronta para fingir-me mãe de um filho que não saiu de meu ventre.
- Mais discussão não vale a pena – disse o Barão resignado. Sei que sofreste por me amares. Por isso, quero que também tenhas a certeza do seguinte: amanhã Clarisse desaparecerá desta terra. O menino receberá o nosso nome, Almeida de Albuquerque. E quero que sejas a mãe dele. E que para todo o sempre assim hajas.
- Terei que mentir até à sepultura? Não sei se esse pecado poderei aguentar.
- Fá-lo por mim!
- A dedicação e respeito que me mereces então isso me mandam. Vai! Vai ver o nosso filho.
A seguir a estas palavras, Maria Lúcia desatou num infantil pranto. Alexandre com ela queria ficar. Porém, o desejo de saber novas do parto ardia-lhe no peito. Abraçou então a esposa. Beijou-a na testa. Saio. Velozmente percorreu as escadas em direcção à cave. Ao fundo do último lanço de escadas encontrou Joaquim. O criado predilecto:
- Que novas me dás Joaquim? Clarisse já deu à luz?
- Ainda não meu amo. O parto está difícil...


Alexandre e Maria Lúcia

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